Para ouvir a homilia do Padre Paulo Ricardo, “Como renunciar a si mesmo?”, clicar AQUI. “Se alguém quer me seguir”, adverte Jesus no Evangelho deste domingo, “renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. O seguimento de Cristo exige necessariamente um despojamento de nossos caprichos, projetos e ideais, para que Ele seja o centro de tudo. Temos de morrer para que Cristo viva em nós. Nesta meditação, Padre Paulo Ricardo mostra como podemos alcançar esse desprendimento de nós mesmos através da virtude da perseverança.
PRIMEIRA LEITURA DA MISSA (Isaías 50, 5-9a)
Sei que não sairei humilhado
O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas, o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. A meu lado está quem me justifica; alguém me fará objeções? Vejamos. Quem é meu adversário? Aproxime-se. Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?
SALMO 114
Eu estava oprimido e Ele me salvou
(Antífona): Andarei na presença de Deus, junto a ele, na terra dos vivos.
— Eu amo o Senhor, porque ouve/ o grito da minha oração./ Inclinou para mim seu ouvido,/ no dia em que eu o invoquei.
— Prendiam-me as cordas da morte,/ apertavam-me os laços do abismo;/ invadiam-me angústia e tristeza;/ eu então invoquei o Senhor:/ “Salvai, ó Senhor, minha vida!”
— O Senhor é justiça e bondade,/ nosso Deus é amor-compaixão./ É o Senhor quem defende os humildes;/ eu estava oprimido e salvou-me.
— Libertou minha vida da morte,/ enxugou de meus olhos o pranto/ e livrou os meus pés do tropeço./ Andarei na presença de Deus,/ junto a ele na terra dos vivos.
SEGUNDA LEITURA DA MISSA (São Tiago 2, 14-18)
A fé que opera pelo amor
Meus irmãos: que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? Imaginai que um irmão ou uma irmã não têm o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; se então alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, e: “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta. Em compensação, alguém poderá dizer: “Tu tens a fé e eu tenho a prática!” Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!
EVANGELHO (São Marcos 8, 27-35)
A renúncia de si mesmo
Naquele tempo, Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”.
Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.
SEGUINDO O MESSIAS (Comentário de Scott Hahn)
No evangelho de hoje, nos deparamos com um momento chave para nossa caminhada com o Senhor. Depois de semanas ouvindo suas palavras e vendo suas maravilhas, somos questionados, assim como os discípulos, sobre quem realmente é Jesus. São Pedro responde por eles e também por nós, quando diz: “Tu és o Messias”.
Muitos esperavam um Messias milagreiro, que vencesse os inimigos de Israel e restaurasse o reino de Davi (v. Jo 6,15).
Jesus nos revela hoje uma imagem diferente. Ele se autodenomina o Filho do Homem, evocando a figura real que o profeta Daniel contemplou em suas visões celestiais (v. Dn 7, 13-14). No entanto, a sua realeza não é como a deste mundo (v. Jo 18, 36); e o caminho para o seu trono, conforme nos ensina, passa pelo sofrimento e pela morte.
Jesus identifica o Messias com o Servo sofredor de quem Isaías fala na primeira leitura deste domingo. Suas palavras são as mesmas de Jesus, que se entrega para ser humilhado e espancado, confiando que Deus o ajudará. Ao mesmo tempo, ouvimos novamente a voz do Senhor no salmo de hoje, agradecendo a Deus por livrá-lo das teias da morte.
Como Jesus nos diz neste domingo, acreditar que Ele é o Messias implica seguir um caminho de autonegação, perdendo a vida para salvá-la e ressuscitar com Ele para uma nova vida.
Nossa fé, como ouvimos novamente na epístola de hoje, precisa ser expressa com obras de amor.
É notório que Jesus questiona seus apóstolos, nessa leitura, enquanto vão “pelo caminho”. Eles vão a Jerusalém, onde o Senhor entregará a sua vida. Nós também estamos no caminho com o Senhor.
Precisamos aceitar e carregar nossa cruz, oferecendo-nos aos outros e perseverando em todas as nossas provações pela causa de Cristo e do Evangelho.
Nossas vidas devem ser um sacrifício de ação de graças pela nova vida que Deus nos deu, até o dia em que cheguemos ao nosso destino e caminhemos diante do Senhor na terra dos vivos (v. Ez 26, 20).
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