Stefanie e seu filho

Quando fui convidada para escrever este artigo para o OnePeterFive, Steve Skojec queria saber por que eu estava me tornando católica agora.

Afinal, eu era uma conservadora. Uma franca ativista anti-jihad. Uma defensora veemente da existência de apenas dois sexos. Dificilmente seria o tipo de pessoa com alta tolerância para o progressivismo e relativismo embutido em grande parte da cultura católica moderna.

Além disso, fui batizada como greco-ortodoxa, catequizada como greco-ortodoxa. Liturgia de quatrocentos e tantos anos! Eu venho de um mundo bizantino com cheiro de incenso, que ficaria horrorizado ao ver o que passa com a liturgia em muito do nosso doloroso e sofrido pós-Vaticano II (acho reconfortantes, para os tempos atuais, os comentários de Belloc sobre a “desonesta imbecilidade” da Santa Mãe Igreja).

Por que direicionei meu caminho para o catolicismo, em vez de voltar às minhas raízes ortodoxas?

Eu deixei a Ortodoxia e me ausentei por anos, agindo (em graus variados) como uma pagã, uma budista, uma muçulmana, uma atéia, uma protestante, uma judia. No entanto, apesar de toda a distância que tomei da Ortodoxia, nunca consegui superá-la. Jamais perdi a certeza, em meu coração, de que a Verdade — uma verdade que estava certa e todas as demais erradas —, deveria estar lá fora, e que se a procurasse por tempo suficiente, eu a encontraria. Em vez disso, o que encontrei foi pecado, confusão e uma vida que me trouxe muito sofrimento.

Mas a Verdade, felizmente, me encontrou.

Qualquer um que conheça minha personalidade pensaria que eu “li” o meu caminho no catolicismo. Muitos conversos recentes que tenho visto — particularmente ex-protestantes que compartilham minha propensão ao estudo — tomaram esse caminho livresco através do Tibre. Mas, para meu espanto, este não foi o meu caminho para Roma.

O catolicismo era a única fé que eu nunca havia levado em consideração, intelectualmente ou de outra maneira. Se alguém tivesse me dito, até sete meses atrás, que eu me converteria ao catolicismo em breve — e muito menos dedicar tanto da minha vida a aprender e a falar sobre a fé! — eu teria olhado para essa pessoa como se ela tivesse acabado de me informar que Maomé era, no fundo, um ativista dos direitos feministas.

Minha caminhada para o catolicismo será um constante lembrete, ao meu coração, de que eu mesmo não sou nada — qualquer coisa que realize, e quaisquer dons que possua a fim de realizá-lo, pertencem inteiramente ao Senhor.

A explicação mais simples para minha conversão? Deus me mostrou pessoas – pessoas destruídas, pecadoras e imperfeitas – que incorporavam 1 Pedro 3:15 [“Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.”], pessoas que tinham em si uma esperança que arrancava as escamas dos meus olhos, apesar de mim. Eu tinha que saber a razão pela qual, olhando para elas, eu sentia uma agitação em minha alma — ao mesmo tempo, uma lembrança e uma promessa de novo nascimento.

Em outras palavras? Eles possuíam a luz de Cristo; e eu sabia que tinha de procurar a luz que eles refletiam.

Passei pela minha futura paróquia umas cem vezes; e nunca imaginei que eu estaria indo lá, pela primeira vez, no início da Quaresma, percebendo que estava em casa, percebendo que estava chorando, sem ter nenhuma explicação para o porquê de estar lá, exceto que Deus me tinha dito que aparecesse por lá. Meu filho foi batizado e fui recebida na Igreja em 31 de março de 2018, na impressionante Missa da Vigília da Páscoa, data que guardarei com carinho pelo resto da minha vida.

Minha vida, agora, tem uma alegria que nunca tinha experimentado antes — mesmo que, pelos padrões do mundo, tudo se torne mais difícil com a minha conversão. Vivo, a cada momento, como parte de uma Igreja universal, que é a extensão selvagem da Suma Teológica, a história dos santos, a profundidade da especulação teológica, a história, a arte, a música. Tudo isso ela é, pois a Igreja tocou o mundo em todas as suas esferas. A Igreja é um espaço suficiente para deixar minha curiosidade incansável vagando pelo que parece ser para todo o sempre.

E, no entanto, ela também é uma bela restrição. Às vezes, a Igreja é simplesmente a casa do meu Pai. Minha paróquia, muito moderna, muito Novus Ordo, não é onde eu escolheria frequentar, mas é claramente onde o Senhor me quer nesta época da minha vida.

Esta é a casa do meu Pai, onde eu tento ser respeitosa, onde às vezes minha criança de dois anos faz muito barulho, e então me lembro de pedir a Maria que me ajude a ser uma melhor mãe; onde às vezes me ajoelho em profunda oração e, noutras, sinto como se eu e meu incrível garotinho fôssemos um prejuízo para a paz de todos à nossa volta; mas é o lugar onde sempre recebo aquela simples e comum “qualquer coisa” que se faz tudo pelo poder de Deus: o Pão da Vida.

Eu sou católica porque a Igreja Católica é Cristandade, como está dito nos Atos dos Apóstolos. Não um fraco e obscuro conceito de cristianismo, como aquele a que muitos se apegam hoje, mas algo tangível, sólido e inabalável.

Mesmo quando, às vezes, parece difícil saber exatamente onde me apoie nessa época difícil da Igreja, confio no mesmo Salvador que me trouxe para casa para manter a salvo a minha alma.

Eu vejo a dor de muitos católicos hoje, pessoas que mantiveram esse tesouro vivo por tempo suficiente para eu encontrá-lo na décima primeira hora. Tempo suficiente para eu aparecer e pensar que poderia fazer a diferença, podendo ocupar um lugar de serviço útil dentro da Igreja Militante. Percebo que há uma tendência em direção aos Ortodoxos Orientais, com sua reverência, com sua indiferença às preocupações que agitam os protestantes e os modernistas em questões litúrgicas, entre outras coisas.

Sou profundamente grata por ter sido ortodoxa desde o berço. Isto fez minha viagem a Roma ser suave e rápida comparada a muitos convertidos, pois me sinto, de muitas maneiras, mais como uma regressante a casa, devido à proximidade de nossas crenças. Para mim, violões na missa sempre foram coisas bizarras. Pude sentir a crise dentro da Igreja desde o primeiro dia, e por mais que isto tenha me deixado um pouco mais vigilante do que muitos convertidos, sou grata por minha capacidade de ver, facilmente, por que reverência e zelo são coisas que caminham juntamente.

Eu amo nossos irmãos e irmãs ortodoxos — acima de tudo, meu pai, cujas orações, junto com as de minha agora falecida Yiayia e Papou, certamente foram fundamentais para a salvação de minha alma. Eu amo os Ortodoxos — e, por isso, estudo o Grande Cisma, que vivo todos os dias em miniatura, com cuidado, para estar pronta a defender Roma sempre que, no meu dia-a-dia, for convocada para isto.

Rezo para que, um dia, nossos irmãos separados retornem para nós em massa. Seria uma alegria imensa para o meu coração ser usada pelo Espírito para ajudar ao menos uma pessoa a voltar para casa. Era o que Santo Inácio de Antioquia tinha a dizer (isto mexeu comigo).

Não se enganem, meus irmãos: se alguém se juntar a um cismático, não herdará o Reino de Deus. Se alguém anda no caminho da heresia, não comunga com a Paixão de Cristo. É preciso cuidado, então, para observar uma única Eucaristia. Porque só há uma carne de nosso Senhor Jesus Cristo e uma só taça de seu sangue — o que nos torna um, e um só altar, assim como há um só bispo junto ao presbitério e os diáconos, meus companheiros escravos. Dessa forma, o que quer que se faça estará conforme à vontade de Deus.

Os ortodoxos têm muito a nos ensinar sobre liturgia e tradição. No entanto, eles ainda estão obrigados (mesmo por sua própria idéia da “primazia da honra papal”) a viver em comunhão com a Sé de Pedro, que é a Rocha. Sem isso, eles nunca poderão ser a verdadeira Igreja. Uma casa dividida não pode permanecer. A rejeição ortodoxa do desenvolvimento doutrinário é precisamente o motivo pelo qual eles mudaram diretamente a doutrina. Eu não adoro a Deus, e não poderia fazê-lo, dentro de um corpo que escolhe mudar seus mandamentos. Os ortodoxos mudaram a doutrina. Isto é simplesmente um fato histórico.

Na Ortodoxia, o divórcio e o novo casamento se enquadram no reino da “oikonomia” (economia familiar). Na prática, os ortodoxos de hoje acreditam que os bispos têm autoridade de abençoar seu rebanho para agir de uma maneira contraditória com as palavras diretas de Cristo, chamado isto de cuidado pastoral.

Isso parece particularmente impressionante à luz da alegação ortodoxa moderna de que a chefia universal visível do papa não é necessária, pois somente Cristo é a sua Cabeça; no entanto, eles não parecem obedecê-Lo, apesar de Suas palavras serem as mais claras possíveis. O que Deus uniu, nenhum homem separe. Seja um homem e uma mulher — ou o Cristo e sua Noiva.

Eu também descobri o ensinamento católico sobre controle de natalidade, o fato de sermos a única instituição cristã na Terra que continua a considerar a contracepção como intrinsecamente má, incrivelmente convincente em comparação com o que diz a “oikonomia” ortodoxa sobre o mesmo assunto.

A ortodoxia é, em certo sentido, a saída mais fácil do pântano em que nos encontramos como católicos, em um mundo pós-católico. É uma igreja com uma eclesiologia mais elástica, onde não temos de colocar nossa confiança e nossa obediência aos pés de uma cátedra que, tantas vezes em nossa história, foi preenchida por um homem corrupto e fraco. (Sob muitos aspectos, vejo agora que as coisas são muito piores).

É real e verdadeiramente tentador. E ainda Provérbios (3, 5-6) ecoa em minha cabeça com freqüência: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” Quanto mais aprofundo o meu estudo da eclesiologia católica e ortodoxa – e particularmente as Quatro Marcas da Igreja – mais certeza tenho de que estou no navio firme que vai me tirar do exílio e me levar para casa.

E, ainda, o estudo não é a principal razão para essa confiança que sinto. É algo além disso. É uma certeza sobrenatural diferente de tudo que eu já experimentei. O tipo de ancoragem interna de alegria que raramente posso explicar sem ter que simplesmente dizer “confie em mim”;  uma coisa assustadora quando estou conversando com não-católicos sobre o destino de suas almas. Afinal, quem sou eu para que alguém confie em minhas palavras?

No entanto, apesar de eu ser totalmente indigna de confiança, espero que o leitor possa confiar em Deus agindo em mim, e ore por mim para que minha vida seja digna de ser considerada um bom exemplo. Ore por mim para que minha fé encoraje os católicos que olham para o leste a se firmarem durante a tempestade. O Senhor fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome.[Lucas 1, 49]

A maior coisa que o Senhor me deu é um sentimento inabalável de saber, com segurança, que estou na Única Igreja Verdadeira — embora “sentimento” não seja a palavra certa. É uma compreensão. É o tipo de saber que eu experimentei apenas uma vez antes da minha conversão — quando dei à luz meu filho e soube que a maternidade é o maior milagre da Terra, excetuando talvez a Eucaristia.

Eu tinha que ser católica — a única Igreja em todo o planeta que se apegou aos mandamentos de nosso Salvador, em dogmas que nem sempre são assumidos plenamente.

Por mais humano e débil que seja o nosso atual Santo Padre, ele se senta na mesma cadeira de São Pedro, que tem mantido a Igreja universal livre de heresia desde o tempo de Cristo e dos Apóstolos. O pináculo da nossa fé é a Eucaristia — cada Eucaristia.

Forço-me a crer que o que vejo, na Igreja de hoje, não é um final dos tempos, mas o começo de uma nova era. É uma época de castigo, talvez, e certamente uma época em que testemunhamos a Paixão da própria Igreja, mas uma época em que é emocionante ser católico. É a época de um novo nascimento, com todas as dores de parto já esperadas.

Se lutarmos nossa contínua batalha contra os principados e potestades, tomando antes de tudo nossas armas espirituais, não falharemos. Nossos inimigos não são nem mesmo as pessoas mais perversas, dentro ou fora da Santa Mãe Igreja.

Nosso inimigo é Satanás.

Eu sei que é um clichê dizer essas coisas. Sei que tudo isso é cansativo. Estou cansada também. Mas se trata de uma conversão pela qual todos nós devemos rezar — para lembrar em nossos corações, em tudo o que fizermos e dissermos, que nós temos uma promessa que nenhuma outra Igreja no planeta tem ou jamais terá. Uma promessa que, em 2000 anos, nunca foi quebrada. Cristo não mente, e o Espírito Santo não permitirá que ninguém faça de Cristo um mentiroso.

Tudo o que sei é que, pela primeira vez em minha vida, dei o meu pequeno Fiat, e Deus moveu montanhas por mim. O que mais ele poderia fazer pela maré de fiéis que crescem atualmente na Igreja?

Nunca procure limitá-Lo. Nós já vencemos.

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