Toda a grande mídia tem sido, nas últimas décadas, de uma flagrante má vontade para com a Igreja Católica e o cristianismo conservador em geral. Exemplo disso é o recente depoimento da ex-jornalista católica da BBC, Catherine Utley, que no artigo “Ignorância e preconceito anticatólico na BBC”, revelou como funcionavam as coisas na famosa rede britânica em relação à Igreja e ao Papa Bento XVI, quando ele ainda era o pontífice romano.
A jornalista trabalhou por trinta anos na redação da BBC World Service, que é o serviço mundial da BBC — a maior emissora internacional de televisão do planeta, transmitindo para mais de quarenta idiomas. Observou que os canais locais da BBC, dirigidos a europeus britânicos de mentalidade mais liberal, eram em geral agressivos com o cristianismo, mas também a BBC internacional já sofria a interferência das novas ideias, cobrindo com deliberada deficiência a perseguição e matança de cristãos em boa parte do mundo, da África à China.
A hostilidade à Igreja ficou bem evidente durante a visita de Bento XVI à Inglaterra, em 2010. Relembra Catherine Utley: “Quando o papa Bento XVI visitou Londres em 2010, saiu da reunião editorial matutina, na Casa Bush, uma ordem aos jornalistas para que as observações do Papa sobre abuso sexual infantil, feitas durante sua viagem, permanecessem no topo da matéria ‘por um número razoável de horas’, apesar do que pudesse acontecer posteriormente, e não obstante o que ele pudesse dizer sobre outros assuntos, depois de sua chegada.”
Enfim, era preciso dar ampla repercussão àqueles escândalos, associando a Igreja Católica exclusivamente a isso, varrendo para debaixo do tapete os pontos fundamentais do pontificado de Bento XVI: a defesa da vida humana em todas as suas fases, da concepção à morte natural; o casamento como união permanente entre um homem e uma mulher; o direito dos pais de decidir sobre a educação dos próprios filhos; e a insistente crítica à “ditadura do relativismo”, ao vale-tudo moral de nossa época.
Os “abusos sexuais” (erroneamente associados à pedofilia, pois eram na verdade casos notórios de homossexualismo) se transformaram na única questão católica considerada digna de ser tratada pela “Casa Bush”, nome dado ao lugar em que funcionava o cérebro da emissora, onde se faziam as reuniões editoriais da BBC e saía o roteiro de assuntos a serem tratados nas edições jornalísticas das emissoras de rádio, de televisão ou sites da corporação.
A jornalista conta que, apesar de ser católica e a mais indicada para escrever sobre o papa, foi no entanto educadamente convidada a escrever naqueles dias sobre a África, continente do qual nada sabia. Em seu lugar, a emissora designou para a cobertura pontifícia um colega totalmente ignorante sobre as coisas da Igreja.
Que poder era aquele que, irradiado da Casa Bush, obrigava os jornalistas a se distanciarem de sua prática editorial normal, “que buscava avaliar uma matéria jornalística em sua dinâmica e por seus próprios méritos”? Por que a jornalista católica Catherine Utley, a mais competente da emissora para escrever sobre o papa, foi convidada a escrever sobre o continente africano?
A resposta que obteve era aparentemente razoável (haveria mais objetividade jornalística, se um não católico escrevesse sobre o papa e a Igreja), se de fato a decisão não encobrisse o claro propósito de manipular a matéria, direcionando-a no sentido de comprometer a imagem da Igreja Católica.
Hoje, os jornalistas da BBC, mesmo com bom conhecimento de geopolítica e relações internacionais, pouco sabem do cristianismo, sua história, sua doutrina. Declaram-se favoráveis ao aborto, à eutanásia, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ou seja, são as ferramentas perfeitas de uma corporação midiática que hoje se encontra a serviço de um poder político global claramente definido, com propósitos bem precisos em relação a forças (ditas reacionárias) que atrapalhem a implantação de uma “nova ordem mundial”, contra a qual o Papa Bento XVI sempre lutou.
Você precisa fazer login para comentar.