Parece que a atualidade me dá razão: a gnose invadiu nosso mundo.
A gnose é uma daquelas correntes filosófico-religiosas, quase tão antigas quanto a humanidade, que ressurgem de tempos em tempos. Seus princípios são:
1 – As coisas materiais são desprezíveis, apenas o espiritual importa. O corpo é desprezível; pode-se, então, fazer o que se queira com ele: tatuá-lo, abortá-lo, vender seus órgãos, matar bebês, matar idosos, traficar embriões etc. Dizer “Meu corpo me pertence” é tipicamente gnóstico: o corpo é um instrumento com o qual se pode fazer o que quiser. Ele se opõe ao velho direito francês, originado do Cristianismo, pelo qual não se podemos fazer o que se queira com o próprio corpo (por exemplo, vender seus órgãos), e isto em nome da dignidade humana que todos compartilhamos. Seguramente, o veganismo [vegetarianismo], que desconsidera as necessidades do corpo em nome do espírito, é gnóstico.
2 – O mundo existente é desprezível, não deve ser reformado, mas só destruído, em nome de um ideal espiritual inacessível. Daí o gosto especial por pervertidos e marginalizados: criminosos, imigrantes, homossexuais, arruinados, negros, rap… É impossível dizer o quanto tudo isto pega bem hoje em dia
3 – A sociedade se divide entre os perfeitos, que têm todos os direitos, e os inferiores, a quem é possível fazer de tudo. Para o gnóstico, há vidas que merecem ser vividas e as outras… Não parece coisa do Doutor Mengele?
Obviamente, o nome moderno de gnose é esquerdismo, mas é redutor: Henri de Lubac, em seu tijolão A posteridade espiritual de Joachim de Fiore, traça a história da gnose e remonta bem antes de Karl Marx.
O inimigo natural da gnose é o cristianismo (versão europeia do jusnaturalismo, do direito natural), mas ele mesmo está numa situação bem complicada: os clérigos, teologicamente ignorantes, são cada vez mais gnósticos. As coisas vão um pouco melhores para os nossos irmãos ortodoxos.
Satanás está presente em nosso mundo de duas maneiras: no esquerdismo (gnose) e no Islã. A Igreja de Roma rende-se a ambos.
Eu digo (oportuna e inoportunamente) que a melhor maneira de evitar essa deriva mortal é encher as igrejas e batizar seus filhos. Muitas vezes sou mal interpretado, mas, enfim, esse é o destino dos profetas!…
https://fboizard.blogspot.com/2020/08/cest-fatigant-davoir-raison.html
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