A vida da Virgem Maria está, em grande parte, envolta em mistério. Os dados biográficos deixados pela Sagrada Escritura são muito poucos e não se pode confiar muito em apócrifos e outros textos. É normal que os fiéis queiram saber mais. É o amor pela Virgem.

Nesse desejo de conhecer, não se deve exagerar. São Tomás de Villanova escreveu: “O que está escrito na Bíblia é suficiente para o conhecimento de sua história: dela nasceu Jesus. O que é preciso saber, além disto?”. O santo tinha razão: o que mais se poderia querer saber dela, além do fato de que dela nasceu Jesus, que é Deus? O que mais é preciso saber?

Há uma consideração que, na modesta opinião de quem escreve, nunca poderia ser esquecida, quando o assunto é a aparência física da Virgem, saber o que ela pensava, que caráter tinha etc… É algo que também se encontra em Roschini, em seu tão importante e belo livro La vita di Maria (Roma, Belardeti, 1945). Note-se como, nessa obra, no capítulo sobre a aparência de Maria, o autor não se limita ao físico, mas também acentua o aspecto moral.

Ele poderia ter falado sobre sua dimensão espiritual e moral em todos os outros capítulos do livro, mas, em vez disto, ele o insere junto com o aspecto físico, para sublinhar a indispensabilidade e inseparabilidade das duas coisas.

Se “é impossível, de fato, apresentar uma imagem completa de Maria (…) sem a luz da teologia” (p. 21), muito menos se pode pensar em avaliar a aparência de Maria apenas com base nas características físicas, sem levar em conta o aspecto moral, intimamente ligado à doutrina e à teologia.

Muitos santos a descreveram como dotada de uma beleza extraordinária, marcada por sua Imaculada Conceição, ou seja, por sua pura beleza moral.

É algo bem verossímil, diz o bom senso. Seria possível imaginar que não influísse sobre o físico o fato de ela ser a Imaculada Conceição? Desejar-se-ia que não se refletisse, em seu corpo, o fato de ela ser a única criatura que atingiu a perfeição moral?

Com efeito, e visando além de uma curiosidade pura e simples, de nada serve aos fiéis saber que Maria era muito bela (porque certamente era bela), para logo se embrenharem em raciocínios sem rumo ou, mesmo, esbarrar nos limites do desrespeito. Em vez disso, é necessário conhecer sua perfeição moral, que é a verdadeira e decisiva beleza aqui nesta vida (se é bela a alma, é belo corpo). E inspirar-se nela para chegar o mais perto possível de seu exemplo, que é um caminho direto e seguro até Jesus.

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