No meu entender, embora haja lugar tanto para a universidade empresa quanto para a universidade repartição pública, nenhuma dessas duas fórmulas atende satisfatoriamente ao objetivo essencial da idéia de universidade, que é a preparação da elite intelectual.

A primeira é orientada para o mercado de trabalho, a segunda para um conceito gramsciano, vil e oportunista, de “elite intelectual” compreendida como o novo “Príncipe” de Maquiavel, sinistro planejador de tramóias revolucionárias.

Dito de outro modo, a primeira faz empregados, a segunda militantes.

Nenhuma das duas pode produzir o tipo de cientista e erudito acadêmico que o país necessita para se afirmar como potência cultural – o primeiro passo (e não o último, como o concebe a miserável imaginação uspiana) da construção de uma autêntica soberania nacional.

A fórmula que tenho em vista, e que nunca cheguei a expor satisfatoriamente por escrito, mas só oralmente nas minhas aulas, dá o marco orientador das atividades do Seminário de Filosofia, que concebi como um laboratório com a ambição de aí produzir a semente, ao menos teórica, dessa futura universidade essencial, que provavelmente permanecerá no reino das idéias, não havendo no momento as condições sociais que permitam realizá-la.

Entre essas condições, a primeira é a existência de uma elite econômica e política consciente da verdadeira função da cultura superior – isto é, de uma elite que seja precisamente o contrário daquela que temos no Brasil. (V. aqui).